São 7 horas da manhã
Vejo Cristo da janela
O sol já apagou sua luz
E o povo lá embaixo espera
Nas filas dos pontos de ônibus
Procurando aonde ir
São todos seus cicerones
Correm pra não desistir
Dos seus salários de fome
É a esperança que eles tem
Neste filme como extras
Todos querem se dar bem
Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas
Estranho o teu Cristo, Rio
Que olha tão longe, além
Com os braços sempre abertos
Mas sem protejer ninguém
Eu vou forrar as paredes
Do meu quarto de miséria
Com manchetes de jornal
Pra ver que não é nada sério
Eu vou dar o meu desprezo
Pra você que me ensinou
Que a tristeza é uma maneira
Da gente se salvar depois
Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas
No dia 07 de Julho de 1990, o MAIOR POETA dos últimos tempos foi embora e pegou o seu Trem Paras as Estrelas. Agenor de Miranda Araújo Neto (Cazuza)
Queria viver 70 anos, na terra vieveu apenas 32, mas em nossos corações viverá eternamente.
Alegrava-se a prender todas as borboletas
Azuis em um mural de flores até formar o mais lindo quadro vivo.
E elas se debatiam com força,
E ela as observava com malícia, meio sem juízo.
Todavia, ela as amava e só queria para si a alegria de telas.
Não suportava a idéia de perdê-las, e como toda menina teimosa, também não hesitava em aprisioná-las.
Seu céu de um marinho tão ofuscante, que se via sempre a contemplá-lo.
Seu jardim de um colorido misto, em um aroma entorpecente.
Rogava-o todo dia, perdida em um gozo delirante.
Seu mar tinha as águas adormecidas, mais ainda assim eternamente belo.
E ela voava.
Sonhava.
E pegava nas mãos todas as estrelas do céu.
E quando abruptamente trazida a terra, envolta em seu véu, queria ela desesperadamente voltar para a lua.
Por vezes te sinto em mim, como um mago que conhece todos os caminhos para me corromper... Efusivamente você me toca, me lambe, me deseja.
Efusivamente, você me quer. E a gente se perde no mesmo céu, no mesmo inferno, no mesmo paraíso. E você delira em mim, e eu deliro em ti, e a gente delira juntos.
Por vezes paro e fico a pensar o quão parecido comigo, você é. O quão louca você me deixa, o quão insaciável você me enceta.
Por vezes te encontro, te perco, me perco e nunca me acho, mais continuo procurando.
Por vezes te paraliso em mútua sintonia, emoção, ilusão. Sabemos que em instantes temos o mundo em mãos, mãos que desejam conhecer o desconhecido, que tem fome e que alimenta a alma com a ternura de crianças paralisadas pelo entorpecer do aroma que transborda o peito, a mente, e leva consigo, a calma.
Por vezes você me vicia, se vicia e tudo vira um único espetáculo, em um único palco, apresentando uma única história. A nossa história.
Aí, por vezes, te encontro a suspirar, e curiosa pergunto o que há.
Sorridente você responde, que, por vezes, aprendeu a amar.
Sinceramente, permito-me confessar que agora tudo mudou.
Uma mudança brusca que arrebatou e me vetou a alma.
Sinceramente, foi o dia mais lindo que vivi, o por do sol mais lindo que contemplei, as estrelas mais brilhantes que vi nascer.
Foi sim, a canção mais bela que já escutei, embora seu déficit de memória tenha atrapalhado a letra.
Sinceramente, me vi sufocada, um sufoco delicioso, eu confesso. Vi-me alarmada, enredada, amarrada. Vi-me completamente despida da realidade.
Mais voltei a tempo de te encontrar, te sufocar, alarmar e enredar em mim.
Agora me perdoa amor, por eu não acreditar em ti. Mais é que antes de vetar minha alma, você tinha me vetado os olhos.
E só agora eu soube que foi você que em meio as minhas turbulências, se fez presente, entendeu o que se passava em mim, o que eu dizia em silencio, entendeu minha língua e até meus sentimentos. Ah, e você também soube me amar, sem medo nem caprichos. E amor, agora sim eu acredito.
É você soube me achar, fui eu que não soube enxergar.
E agora baby, a gente se encontra no mesmo lugar.
Onde eu vi o sol nascer junto aos rabiscos das estrelas mais lindas, onde eu senti a chuva crepitar em mim, e prometi guardar o seu segredo eternamente.
É eu acredito, e você também pode acreditar em mim.
Eu andava distraída, a cantarolar e achar graça da vida...
Até que a mesma bateu em minha cara,
Esfregando uma realidade, que não tinha nada de engraçada.
Fiquei estupefata com a cena deprimente que eu acompanhava...
Era um ser, que contemplava o lixo em completa decadência
A fome e pobreza estavam estampadas em cada detalhe
Os trapos que lhe cobria o corpo
O suor a escorrer pelo rosto
Tudo em uma imensa podridão
Ele procurava com tanta fome,
Que ao levar alguns pontas-pé se via mais exasperado a procura de comida
Queria apenas alimentar e matar
O que aos poucos lhe corroía.
E eu ficava perguntando a Deus,
O que estava acontecendo com o mundo funesto,
Onde os homens passaram a viver como cães farejadores de carniça.
Tudo para acalmar o que roncava na barriga
Como trombetas de dor, fome e exaustão.
Eu sabia que a resposta era óbvia, peremptória.
Numa era onde a miséria prevalecia ainda maior e abaixo da nata social.
Onde pessoas eram chutadas como cadáveres putrefatos
Se não exercessem um padrão de vida, ao menos elevado.
Onde os que deveriam cuidar, ficam a se vangloriar com o pão,
Que o pobre homem catava aos prantos, desesperado.
Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam...E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destrui-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você é na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que você mesmo pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve.
Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.
Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar. William Shakespeare
Naquela tarde, me vi perdida em devaneios percorrendo
uma vastidão de pensamentos até então esquecidos.
Era como se a imagem perfeita em minha frente reluzisse minha memória fraca,
trazendo de volta aquela velha lembrança...
Olhava fixamente o sol despedindo-se da tarde,
era perplexo aquele espetáculo rotineiro,
beijando o mar e o envolvendo com um gigante manto de fogo,
deixando a água quentinha para receber a lua...
O contraste natural em minha pele era arrepiante,
sentir a mistura faiscante da luz do sol
enredada ao toque gélido da lua deixava os meus pêlos enrijecidos
e minha mente fresca em pensamentos esdrúxulos...
Vinha-me qualquer lembrança que, supostamente, eu tentava esquecer.
A lembrança daquela tarde,
onde eu vi cair à chuva como raios de trovões,
tão forte, que suas gotas pareciam perfurar minha carne.
A instância daquela revelação inutilmente se fez presente.
O medo foi que agiu com êxito e livrou-me de uma condenação apavorante.
Eu poderia extinguir tudo, recuperar o sono
e livrar-me das aflições alucinantes que me acompanhava permanentemente.
Mas quando aceitamos compartilhar um segredo em defesa de um amor,
aceitamos também, as regras impostas por ele.
E por fim a isso, resultaria uma condenação ainda maior.
E graças a esse amor, me vi obrigada a perseverar em silêncio,
e aceitar o destino que eu mesma escolhi.
Mas entre dois males, em geral, escolhemos o desconhecido.
Eu sinto saudade dos teus lábios tocando os meus,
suas mãos cruzando as minhas, e
as minhas percorrendo seu rosto.
Saudade da sua voz em melodia
me tirando de uma insônia constante.
De quando olhávamos a imensidão do mar,
tão cristalino,
e eu ali do teu lado,
pertinho e ao mesmo tempo longe,
tão nitidamente que você queria saber,
a todo instante,
onde eu estava.
E eu estava procurando alguma coisa
que guardasse aquilo comigo,
aquela felicidade rara e o sonho perfeito que
você não via e eu não acreditava,
por isso queria guardar
Memorizando em que lugar do tempo eu estava,
pra que depois eu pudesse voltar,
ainda que em pensamento e não me perder outra vez.
E aquele dia,
eu gravei em mim,
tatuado em alma, pra que não saía nunca mais.
Como todos os outros.
Como o próprio Cristo que em pedra e espírito
nos banhavam com aquela paz doravante.
E como você,
que me apresentava à arquitetura
de uma época distante e permanente,
junto à vida de seus antigos moradores,
prisioneiros de uma vida em lama,
medíocre e escassa da liberdade que eu desfrutava com tanta fome,
sede e vontade de continuar vivendo.
E de tudo isso,
fica a saudade,
gostosa até de sentir,
que me faz voltar e viver tudo de novo.
Saudade confesso, de ti.
“Ninguém fica velho somente por
viver um certo número de anos,
as pessoas ficam velhas por abandonarem
seus ideais.
Os anos enrugam a pele, mas a falta de entusiasmo
enruga a alma.
Preocupação, dúvida, insegurança, medo e desespero,
estes são os longos anos que curvam a cabeça
e fazem o espírito em crescimento
retornar ao pó.
Você é tão jovem quanto sua confiança em si mesmo,
tão velho, quanto seus temores,
tão jovem, quanto sua esperança
e tão velho, quanto seu desespero.”
Ontem? Isso faz tempo! Amanhã? Não nos cabe saber... Amanhã pode ser tarde Pra você dizer que ama... Pra você dizer que perdoa... Pra você dizer que desculpa... Pra você dizer que quer tentar de novo... Amanhã pode ser tarde Pra você pedir perdão Pra você dizer: Desculpe o erro foi meu! Amanhã O seu amor, pode ser inútil... O seu perdão pode não ser preciso... A sua volta, pode não ser esperada... A sua carta, pode não ser lida... O seu carinho pode não ser mais necessário... O seu abraço, pode não encontrar outros braços... Porque amanhã pode ser tarde para dizer Amo você, Estou com saudade, Perdoe-me! Desculpe-me! Você é importante... Você está tão bem! Não deixe para amanhã O seu sorriso O seu abraço O seu carinho O seu trabalho O seu sonho A sua ajuda Não deixe para amanhã para perguntar Porque você está triste? O que há com você? Cadê o seu sorriso? Ainda tenho chance? Já percebeu que existo? Porque não começamos de novo? Sabe que pode contar comigo? Cadê seus sonhos? Onde está sua garra? Lembre-se: Amanhã pode ser muito tarde... Procure, vá atrás, insista! Tente mais uma vez! Só hoje é definitivo!
Tão mal, era que tinha um jeito perverso de me domar, me fazer carinho.
E a dor que refletia em meus olhos lhe proporcionava um prazer enorme. Tão insaciável, era que sua fome em me devorar crescia mais do que qualquer outra. Queria-me inteiro, sem rodeios, sem anseios.
Ela era uma ninfa, e por ser tão sublime, tinha os olhos cheios de mistérios.
Ela conduzia-me a seu corpo e deixava-me percorrer-lo com toda lentidão, pois em seu leito, o tempo era eterno, sem pressa.
E eu sentia toda sua energia sobre mim, tão forte, como um chicote em chamas. Eu era seu escravo, e ela, minha dama.