domingo, 9 de janeiro de 2011

Eu fui



Eu não sabia o que me esperava pela frente, ou sabia, mais não queria acreditar
O que importa é que eu fui disposta a enfrentar os mesmo riscos, os mesmos medos
Fui com a mesma inocência de uma menina perdida em seu mundo
Com a mesma indolência de uma mulher perdida em seu gozo
Mais eu fui
E daí se eu errasse de novo, perdesse de novo, caísse de novo?
Eram riscos, e eu queria arriscar
Burrice? Inexperiência? Teimosia? Tanto faz, eu queria
E lá eu estava, com a mesma cara e cabeça de sempre, mesmos gostos, gestos, mesmo jeito.
Enfim, se eu caísse de novo, eu ia poder levantar, e talvez essa tenha sido a única explicação pra minha tentativa estúpida de recomeçar.

Raiele Malta

Remar


Eu entro nesse barco, é só me pedir.
Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou (...).
Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes.
Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia (...).
Mas você tem que remar também.
E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir.
Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia.
Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo.
Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir.
Mas a gente tem que afundar juntos e descobrir que é possível nadar juntos.
Eu te ensino a nadar, juro!
Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças!
Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser à toa, que vale a pena.
Que por você vale a pena.
Que por nós vale a pena. Remar. Re-amar. Amar.

Caio Fernando Abreu