domingo, 30 de maio de 2010

Amanhã pode ser tarde


Ontem? Isso faz tempo!

Amanhã? Não nos cabe saber...
Amanhã pode ser tarde
Pra você dizer que ama...
Pra você dizer que perdoa...
Pra você dizer que desculpa...
Pra você dizer que quer tentar de novo...
Amanhã pode ser tarde
Pra você pedir perdão
Pra você dizer:
Desculpe o erro foi meu!
Amanhã
O seu amor, pode ser inútil...
O seu perdão pode não ser preciso...
A sua volta, pode não ser esperada...
A sua carta, pode não ser lida...
O seu carinho pode não ser mais necessário...
O seu abraço, pode não encontrar outros braços...
Porque amanhã pode ser tarde para dizer
Amo você,
Estou com saudade,
Perdoe-me!
Desculpe-me!
Você é importante...
Você está tão bem!
Não deixe para amanhã
O seu sorriso
seu abraço 
seu carinho 
seu trabalho 
O  seu sonho 
sua ajuda 
Não deixe para amanhã para perguntar
Porque você está triste?
O que há com você?
Cadê o seu sorriso?
Ainda tenho chance?
Já percebeu que existo?
Porque não começamos de novo?
Sabe que pode contar comigo?
Cadê seus sonhos?
Onde está sua garra?
Lembre-se:
Amanhã pode ser muito tarde...
Procure, vá atrás, insista!
Tente mais uma vez!
Só hoje é definitivo!

(Autor Desconhecido)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Dama


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Tão mal, era que tinha um jeito perverso de me domar,
me fazer carinho.

E a dor que refletia em meus olhos lhe proporcionava um prazer enorme.
Tão insaciável, era que sua fome em me devorar crescia mais do que qualquer outra.
Queria-me inteiro, sem rodeios, sem anseios.

Ela era uma ninfa, e por ser tão sublime, tinha os olhos cheios de mistérios.

Ela conduzia-me a seu corpo e deixava-me percorrer-lo com toda lentidão,
pois em seu leito, o tempo era eterno, sem pressa.

 E eu sentia toda sua energia sobre mim, tão forte, como um chicote em chamas.
Eu era seu escravo, e ela, minha dama.

Raiele Malta

A Dança


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Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
Ou flecha de cravos que propagam o fogo:
Te amo secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
E graças a teu amor vive escuro em meu corpo
O apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

Se não assim deste modo em que não sou nem és
Tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Todas as cartas de amor são ridículas




Todas as cartas de amor são
Ridículas.

Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).

Fernando Pessoa

Infância


Eu era tão pequena,
Mas em meu coração cabiam grandes moléculas de felicidade.
Sim, era na época que eu era pequena.
A época que eu costumava sorrir do mundo,
Das coisas, da nova flor que brotava na terra,
Do vôo, ainda desajeitado de uma borboleta acabando de nascer.

Época que eu permitia que as gotas da chuva lavassem minha alma,
E que permanecia sempre limpa na inocência de minha infância.
Época que eu vibrava com toda a energia de uma criança
Descobrindo a melhor parte do mundo.

Que eu brincava livremente sem preocupações nem anseios.
Época de contar estrelas no céu e pisar na terra fria,
Sem nojo nem caprichos.

Colecionava bichos, amava-os e me sentia amada por eles.
Agora eu cresci, a época mudou.
Coleciono gente, que viveu e vive que nem eu.
Amigos, amores, amo todos, e me sinto amada por eles.

Raiele Malta



segunda-feira, 24 de maio de 2010


Ás vezes sinto vontade de fugir, pra saber quem virá atrás de mim.
De chorar, pra saber quem secará minhas lágrimas.
De morrer, pra saber quem sentirá minha dor.


Raiele Malta



domingo, 23 de maio de 2010

Blue


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Ele era azul, grande e mal.
Mal porque sufocava-me,
Iludia-me,
Prendia-me a respiração.

Porque agonizava-me,
Roubava-me de um mundo real
 Bagunçando tudo que estava alinhado,
Levando-me em satélite e prendendo-me
Em caixinhas de algodão

Porque deixava-me nua em águas escuras,
Pura em horror exagerado
E sem alma em céus de ilusão

Porque era acéfalo,
E possuía submissão sobre mim
Ah, e era bom também.
Afinal, o que ele era?
Amor!

Raiele Malta

sábado, 22 de maio de 2010

Borboletas Alarmadas


Sinto borboletas dispersar-se em meu estômago...
Procurando alguma coisa que não tem mais,
Que se forma com tanta rapidez que me veta a sanidade.

Tento efetivar o que existe de sóbrio em meus pensamentos,
Mas isso os tornam mais dilacerados.
Acho que não devo continuar a tentar.

Quero voar,
Encontrar alguma coisa que me cale
E me deixe sem caprichos ao que estou sentindo.
Quero navegar,
Flutuar em um oceano de borboletas coloridas
Que me mostrem o contrário de tudo que é real.
Quero um mundo sem dor!
Não, não quero borboletas, quero beija-flor.
Ou qualquer coisa com menos insanidade.
Amor!

Mas os bichinhos de asas cintilantes
Insistem em permanecer.
Ainda mais violentos.
Ainda mais que 24 horas, petrificados.
E alegrias violentas, tem fins violentos.

Isso me deixa com medo, isolam minhas emoções a pó.
Um medo que vai corroendo brevemente
Cada centímetro de mim. O medo do fim!
Porque a dor,
Bom, a dor já conviveu do meu lado
Tempo suficiente pra me tornar imune a ela.

Mas a dor e o fim andam juntos
E rodeiam corações incrédulos e esperançosos,
Desaguando o torpor amargo
De uma ilusão dormente e fantasiosa.
Morna!

Passo noites de palpitações e anseios amenos,
Tentando identificar essas alegrias repugnantes
E deliciosas que me suspiram a alma.
O que é isso, meu Deus?
Borboletas alarmadas.


 Raiele Malta

Estrelas Minhas


Eu quero sentir meu coração ferver, 
Minha cabeça girar, 
Minhas mãos deslizar em suor.

Eu quero olhar o céu e desenhar constelações de algodão, 
Molhar o rosto com a chuva fria, 
Sorrir com a criança brincando ao chão.

Refletir na poça d’agua  a liberdade e felicidade de voar, 
Encontrar as asas da alma e levantar vôo...
Pousar nas rosas que brotam das nuvens, 
Preencher meus poros com seus aromas adocicados

E transbordar emoções.

Quero saltar cada nota daquela música com eternos pulinhos de felicidade, 
E não levar uma rasteira por isso.
Disparar em face, nuca, boca, beijos sabor de mel.

Lembrar que a lua está no céu, 
E que podemos encontra-la mesmo quando a noite demora a chegar.
Porque o verdadeiro céu, 
É o que pintamos na alma, 
E nele, estrelas tem formato de corações.

Raiele Malta

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Aaaaah


Você me rouba a fala, a calma, a sensatez.
Um dia deixarás de ser fugitivo e serás prisioneiro em mim.
Sem chaves, só amarras.

Raiele Malta

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Lembranças


Os pontinhos brilhantes formando desenhos no céu
 Tinham um poder enigmático capaz de me tele-transportar
 Pro mundo mágico onde habitavam-se.

Ali eu sentia uma energia tão entorpecente

 Que me colocava em transe profundo.
 Sabia que em minha cabeça martelavam gotas de realidade, 

Mais misturavam-se as fantasias e alucinações cerebrais...
Onde as últimas se identificavam facilmente.

A felicidade é tão sublime que às vezes pensamos
 Que ela vem em doses certas, 
Para as pessoas certas, 
Mais na verdade ela encontra-se tão próxima, 
Que apenas nos cabe encontrá-la.

E quando se tem um tapete de estrelas acima da cabeça, 

E pode-se escutar os inocentes sussurros dos grilos, 
Cigarras, chuva e da infância reencontrada. 
Fica ainda mais fácil.

Bastando fechar os olhos, 
E mudar de estação à cada reflexo de lucidez, 
Podemos reencontrar os pontos perdidos de uma memória inválida, 
E nossas melhores lembranças que encontravam-se perdidas
 Reaparecem como uma tsunami
 De reminiscências
 De uma época distante e quase inexistente,
 Nos permitindo viajar tão longe e continuar imóveis,
 Porque tudo nos vem rapidamente.

Raiele Malta

Sinto-te



Eu sinto seu cheiro penetrar minha carne, 
Molhar meu íntimo, e lapidar minha alma. 
E quando se esvai, leva pedaços de mim.

Eu sinto sua pele tocar-me a distância, 
Seu toque fervescente, 
Seu hálito fresco em gotas fortes, cravejar em mim.

Escuto sua voz rouca e suave em meus tímpanos, 
Junto com cada cifra borbulhante. 
E tudo tão distante. Continuo sentindo
.
Aqui, vaga-lumes desfilam em meu corpo, 
E na escuridão suas luzes florescem sobre mim, 
Roubando-me o sono e transpondo-me a realidade que me roga. 

E assim, sigo até você, em pensamentos loucos
 E roucos numa psicodelia constante. 

Eu durmo e acordo cem vezes, 
E você nunca está ali, mais ainda assim, 
Sinto-te com tanta voracidade que logo volto a dormir.

Raiele Malta

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Românticos

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Românticos são poucos
Românticos são loucos desvairados 
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro é o paraíso

Românticos são lindos
Românticos são limpos e pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha e sem juízo


São tipos populares que vivem pelos bares
E mesmo certos vão pedir perdão
E passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo de outra desilusão.

(Românticos é uma espécie em extinção)

Vander Lee

Sonhar

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Quando não se tem uma coisa, 
É típico do homem deseja-la com tanta intensidade
 Que chega a se tornar patético. 
Principalmente quando está fora do alcance de se realizar.
Mais quanto mais o sonho se distancia de você , 
Maior sua vontade de concretiza-lo.

Uma das razões que leva uma pessoa a querer realizar um sonho, 
Muitas vezes se refere a vontade de alimentar o ego, 
Tentar provar pro mundo que tem alguma utilidade, 
E mostrar para si mesmo que essa utilidade
 É maior do que sua capacidade se limita.

Se o sonho é seu, 
Você sabe que um dia ele pode se tornar real, 
Mesmo que os que estejam ao seu lado 
Lhe mostrem uma verdade contrária. 
Pois só você decide se é verdade ou não, 
Ou simplesmente pode se negar a enxergar. 
Isso é um direito seu.

É evidente que quando você se torna dependente desse sonho, 
A ponto de ofuscar seus princípios 
E te fazer submisso a uma porção de desejos impuros, 
Você encontra-se perto do objetivo, 
Criando falsas expectativas que te leva a acreditar 
Que vale a pena abrir mão do que você era, 
Pra dar espaço ao que você se tornou. 
Uma pessoa fria, insensível e sem escrúpulos, 
Que se julga forte, porém não sabe que forte 
É aquele que sonha com fé e doçura 
E que jamais deixará seus sonhos indignos de seus valores.

Mas, pra uns, 
O verdadeiro significado dos sonhos é o sabor da vitória. 
Que pode ser doce quando conquistada com dignidade, 
Ou amarga, quando o objetivo é provar
 Que conseguiu aquilo que ninguém acreditava, 
Aniquilando o meios utilizados para isso.

Mas, para cada um que sonha, fica a esperança de realiza-lo.
E para cada um que realizou, a certeza de que sonhou.


Raiele Malta