domingo, 13 de junho de 2010

Desespero de Vida


Era no fim da tarde
Eu andava distraída, a cantarolar e achar graça da vida...
Até que a mesma bateu em minha cara, 
Esfregando uma realidade, que não tinha nada de engraçada.

Fiquei estupefata com a cena deprimente que eu acompanhava...
Era um ser, que contemplava o lixo em completa decadência

A fome e pobreza estavam estampadas em cada detalhe
Os trapos que lhe cobria o corpo
O suor a escorrer pelo rosto
Tudo em uma imensa podridão


Ele procurava com tanta fome, 
Que ao levar alguns pontas-pé se via mais exasperado a procura de comida
Queria apenas alimentar e matar
O que aos poucos lhe corroía.


E eu ficava perguntando a Deus, 
O que estava acontecendo com o mundo funesto, 
Onde os homens passaram a viver como cães farejadores de carniça. 
Tudo para acalmar o que roncava na barriga 
Como trombetas de dor, fome e exaustão.


Eu sabia que a resposta era óbvia, peremptória. 
Numa era onde a miséria prevalecia ainda maior e abaixo da nata social. 

Onde pessoas eram chutadas como cadáveres putrefatos  
Se não exercessem um padrão de vida, ao menos elevado. 
Onde os que deveriam cuidar, ficam a se vangloriar com o pão, 
Que o pobre homem catava aos prantos, desesperado.

Raiele Malta

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